quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Os sons da cidade

Por Roberto Fávaro
(Reportagem publicada na revista "Sampa" - Edição nº Zero - Dez/2008)

A capital paulista é caracterizada por sua forma multifuncional e a música não é exceção. Adilson Oliveira, músico estudioso da cidade traça um perfil extremamente peculiar sobre as canções da metrópole

“É como música para os ouvidos”. Conversamos com Adilson Oliveira, paulistano, músico profissional e especialista em arranjo e composição, coordenador da equipe de cordas do conservatório Villa Lobos, centro de formação musical particular conhecido por sua qualidade. Seus estudos o levaram a desvendar muito dos mistérios musicais que a nossa cidade reserva.
Ele acredita que a nossa ”São Paulo musical” tem o mesmo padrão dominante que está determinado nos dizeres em latim na bandeira da cidade: “Não comando, comandante!” Em São Paulo, não há um ritmo regional característico da cidade, mas existe um enorme patrimônio musical extremamente singular, caracterizado pela diversidade de viver em uma da maiores metrópoles do mundo. É isso que queremos mostrar nas próximas páginas.

Roberto Fávaro: Conte-nos quando você começou a se interessar por música, quais foram suas primeiras influências que o levaram a atuar na área profissionalmente.

Adilson Oliveira: Comecei me interessar por música desde pequeno, eu fui muito influenciado pelo meu pai e passei a ouvir estilos diferentes. Através dele que eu conheci música erudita, sobretudo música brasileira, como Villa Lobos, por exemplo. Eu me lembro que tinha um programa chamado Projeto Minerva, bem legal, mostrava muitas coisas. Lembro-me disso, de ouvir no rádio. Fui ouvindo sempre de tudo, principalmente Beatles. Até na época meu pai brincava: “Os Beatles são da minha época meu filho!” E eu dizia: “não, Os Beatles são atemporais!”. O meu músico favorito, Johan Sebastian Bach tem mais de 300 anos. Então imagine, Os Beatles “engatinham” perto do cara.

Roberto: Então, você acredita que seus primeiros contatos com repertórios distintos o levaram a uma “iluminação” sobre qual caminho trilhar em sua carreira?

Oliveira: Isso sempre me levou a estudar mais a sério, eu ouvi música erudita, Rock`n Roll, música POP, muita MPB, é um lado muito forte que meu pai me mostrou e que eu sempre gostei. Depois que você vai estudando, conhece Jazz, Blues e no fim acaba conhecendo tudo. Nos meus instrumentos, por exemplo, no violão eu tenho muita influência de Andre Segovia, John William, Paco de Lucia, Rafael Rabello e na guitarra, a lista é grande: Eddie Van Halen é quem me fez interessar pelo instrumento de uma maneira séria. Considero que depois do Hendrix, ele foi o segundo cara a reinventar a guitarra. Também me influenciei muito por Steve Vai, Joe Satriani, Paul Gilbert. Tudo isso falando a respeito de instrumentos, pois como me formei bacharel em violão, composição e arranjo, você acaba estudando todos os eruditos, como Mozart e Villa Lobos.

Roberto: Você falou de muitas pessoas que o influenciaram, mas sobre os músicos paulistanos, tem algum músico ou banda que você goste?

Oliveira: Claro, têm vários. Um pessoal da década de 80 que eu ouvia muito Arrigo Guarnabé, Itamar Assumpção, eu o considero um gênio, infelizmente já falecido. Ele tem um disco chamado Sampa Midnight, que eu acho obrigatório para todo músico sério. Esta turma que estou falando faz um som que considero tipicamente paulistano, um som de capital. Premeditando Breque é um grupo muito legal, o Língua de Trapo que era um grupo que eu assistia bastante também, na área cômica. Eles faziam uma brincadeira, mas é um som que tinha muito a cara da cidade.

Roberto: Esses músicos que você citou realmente fazem parte do acervo musical paulistano, mas apesar disso, não vemos uma manifestação de um ritmo que venha da capital. Existe, por exemplo, no interior do Rio Grande do Sul o Chamamé, o Fandango, no Rio de Janeiro o Funk “Batidão”, mas em São Paulo não há nada parecido. Qual o seu ponto de vista? Existe uma música tipicamente paulistana?

Oliveira: São músicas que retratam bem as cidades. Neste ponto nós temos até músicos que não são paulistanos, mas que retratam muito bem a nossa São Paulo. O Tom Zé, por exemplo, é um músico tropicalista do estilo de Gilberto Gil, Caetano Veloso, aquela turma toda que fez em determinada época um som com a cara de São Paulo. Mas eu acho que o som dele incorpora muitos elementos de uma cidade grande, com os instrumentos musicais, por exemplo, uma serra elétrica que é um som comum para o paulistano, o som de máquinas industriais. Falar sobre ritmo aqui é complicado porque São Paulo é uma das poucas cidades que você tem opção de show de segunda a segunda e vários deles gratuitamente. Têm vários espaços aqui. Se você quiser um flashback, por exemplo, uma música lenta, tem baile pra isso, se quer ouvir Country, sertanejo tem também. São Paulo te oferece a oportunidade de aproveitar cada um dos estilos musicais, eu acho que essa diversidade é muito legal, mas realmente falar qual é o ritmo de São Paulo? Eu diria que todos.

Roberto: Existem alguns ícones como o Itamar Assumpção, Adoniran Barbosa no samba, que fizeram coisas muito diferenciadas. Levando em consideração o perfil histórico destas personalidades o que você considera crucial para que estes músicos tenham atingido o reconhecimento ao ponto que suas obras ganharem o título de obras Paulistanas?

Oliveira: Você falou do Adoniran Barbosa, eu ainda vou além tem um sambista ainda vivo, o Germano Mathias que é fantástico. Ele tem um trabalho muito legal que eu diria que seja uma coisa até ligada ao underground. Não é um cara que está na mídia, de vez em quando aparece em alguns programas, mas nunca esteve na mídia e faz um trabalho fantástico. O ritmo dele é aquele samba de breque, inclusive ele usa uma latinha que os sambistas antigos usavam muito, na época em que São Paulo era mesmo a terra da garoa, usavam uma latinha de engraxate, e faziam batuques ali. Os Demônios da Garoa têm um samba que é exatamente a cara de São Paulo junto com Germano Mathias. Além disso, você tem uma turma que faz uma MPB mais paulistana. Se você pegar, por exemplo, os primeiros trabalhos do Guilherme Arantes, nos anos 80 ele era chamado de “o poetinha de São Paulo”. E era de fato, um trabalho muito próximo que ele fazia de uma música paulistana ligada à Pop Music universal porque é a influência dele. Ele teve uma formação muito boa no piano e ele até fez parte de um grupo chamado “Moto Perpétuo” na década de 70, pouca gente sabe disso e que era um grupo progressivo. Guilherme Arantes fez parte disso e fez dentro de universo de uma MPB mais Pop, vamos assim dizer, eu não gosto muito de rótulo, a diversidade aqui é muito grande você tem vários músicos atuando em várias áreas com certeza eu acho que isso aqui não falta em São Paulo. Inezita Barroso, por exemplo, essa mulher pega uma música de raiz, abrangendo o Brasil todo, mas especificamente do interior de São Paulo e trouxe isso para a capital. Ela cantou Lampião de Gás que é uma música pra quem viveu uma época em que a iluminação pública era através de lampiões de gás. Se você conversar com uma pessoa de mais de 70 anos ela vai te falar como era e essa música retrata isso. É aquela coisa de você fechar os olhos e ouvir a letra e imaginar como foram mesmo as ruas de São Paulo, os paralelepípedos, a garoa caindo e alguém acendendo os lampiões de gás, é uma música paulistana e isso já tem muito tempo.

Roberto: Você comentou sobre Germano Mathias, sambista que você considera underground e esta vertente está em alta atualmente. A Rua Augusta, por exemplo, é tida como um circuito para o estilo alternativo. Como você vê este fenômeno? Ao invés de manter o padrão de quebra com o comum não acaba virando um modismo passageiro?

Oliveira: O grande problema é que tudo o que aparece, o mínimo automaticamente é assimilado. A contracultura, por exemplo, nos anos 60 surgiu como um antídoto contra a mesmice que existia na época, mas foi automaticamente assimilada pela indústria e virou um novo produto. E olha que veio como contra cultura. Aqui é a mesma coisa é até interessante citar a Rua Augusta. Para quem viveu, nos anos 60, no final dos anos 50 a Augusta era um “point”. A turma ia passear de “carrão”, ouvir os hits da época, Roberto Carlos, essa turma toda freqüentava lá e agora veja como as coisas são cíclicas, passaram-se duas, três décadas e está lá a Augusta como point de novo, acho que é uma característica da cidade. O bairro da Pompéia para o rock´n roll, foi lá que surgiu Os Mutantes, quer uma manifestação mais paulista do que Os Mutantes? O lugar ficou estigmatizado como o bairro roqueiro de São Paulo. Agora a coisa do pessoal cultuar o underground, isso sempre vai existir, porque é por onde todo mundo começa, é mais fácil de você começar com um trabalho caseiro, de garagem e algumas pessoas acabam tendo isso como estilo de vida. É uma maneira de se colocar em alguma tribo, isso se torna uma necessidade, é assim pra qualquer adolescente. Por outro lado se a gente pensar que bandas mundialmente famosas como os Ramones já foram undergrounds, Os Beatles já tocaram em porão, ai eu considero uma coisa boa. Existe criatividade por não haver uma cobrança de mídia o artista pode ir lá experimentar uma idéia que ele tem na cabeça.

Roberto: Então, o culto ao underground passa a ser mais uma “forma de se encontrar” do que uma expressão artística? Você considera uma questão de identidade musical ou comportamental?

Oliveira: Eu acho que é comportamental. Se você conversar de música com essas pessoas, alguns nem sabem aquilo que estão curtindo, não tem uma noção exata daquilo que estão ouvindo não sabem nem classificar às vezes um estilo musical. Acredito que esta questão de comportamento leve as pessoas a evoluir muito, a pesquisar a respeito, a seguir o embalo. Agora o que acontece com a música underground de uns tempos pra cá é que elas têm ficado muito elitizadas e está segregando um pouco. Muita gente criativa não está aparecendo porque o underground está tão cultuado que acaba ficando uma coisa meio elitista, um “clubinho” fechado.

Roberto: Nós falamos de muita coisa sobre São Paulo e suas características artísticas alternativas. Não há resposta certa para muitas coisas, mas o que você considera de fato música alternativa na cidade?

Oliveira: Eu acredito que não existe um alternativo puro e felizmente já não tem mais espaço para falta de profissionalismo. O que mais se aproxima de um “alternativo puro” aqui em São Paulo é a música instrumental, é um lance bem organizado, Jazz, MPB também. Você encontra saxofonistas muito bons, fazendo shows por ai, guitarristas excelentes, duos, trios, quartetos de violão. Temos compositores, mas nesse ponto quero criticar construtivamente, pois muitos deles estão usando moldes extremamente desgastados para criar, como as músicas de protesto, por exemplo, e não vai dar certo. Para as pessoas que gostam de música alternativa, eu recomendo pesquisar, pois tem muita coisa boa, mas não na internet, somente indo à procura pela noite, conferindo o músico trabalhando no palco, onde você vai ter acesso a conversar com ele, pois nesses espaços alternativos quando o show termina o músico se torna “mais um na multidão”. É a melhor forma de encontrar algo diferente, indo a campo.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Boi voador não existe, ah! Existe sim!


Por Roberto Fávaro

Esperamos sinceramente que todos tenham aproveitado uma excelente passagem de ano, com muitos presentes, paz, amor e dinheiro de quebra.

Surpresa! Esses votos são o grande clichê da publicidade capitalista que insiste em nos ludibriar com a idéia de que podemos ser pessoas melhores e nos “transformar” da noite para o dia, ah! É claro, comprando muito e criando a falsa sensação de felicidade e plenitude, para com um solavanco ter outro trunfo na manga para comprar, afinal, o natal passa, o ano novo passa e o que sobra vira liquidação. Que coisa boa! Comprar, comprar, e comprar!Gasta e pula; e ri como idiota; e compra; e se acha o reizinho da cocada até a versão “plus” do brinquedo aparecer para estragar tudo.

Essa é a essência de toda essa palhaçada, votos e frases meticulosamente pensadas e que fazem um efeito lascado. Diga que você não se importa se ninguém deu nenhum presentinho de natal, só uma lembrancinha, viu? Ah, confesse, para as favas que não! Você fica triste, cabisbaixo se não ganhar pensando no que você fez para merecer tanta falta de consideração, mas não se preocupe, o comercial da tevê deseja que você se entupa de Peru e seja muito, mas muito feliz com isso e que seu ano será fantástico. E não é que as pessoas acreditam? Até os jornalistas acreditam, mal saiu o ano e eles aparecem publicando reportagens guardadas desde o início de Dezembro na gaveta dizendo como emagrecer tudo o que você engordou e que a crise financeira vem aí! No próximo Natal coma frango de angola em vez do caríssimo Peru, mas mais uma vez não se preocupe, pois até lá tudo vai entrar em promoção e você tem o 13° mesmo.

Dizem que o otimista acha que daqui a algum tempo todo mundo comerá merda e o pessimista pensa que não vai sobrar merda pra todo mundo. Meu Deus eu não sou louco, mas estou cansado de ver toda a manipulação que sustenta essa forma lunática que nós chamamos de vida, porra! Sempre quis ter uma casa no campo, tranqüila, para meus futuros filhos brincarem, mas até isso virou frase feita, clichê! Vamos acordar um pouco ver o porque estamos consumindo e se estamos consumindo ou sendo consumidos, porque essa falsa projeção de felicidade dura pouco e no fim não leva a nada a não uma escravidão para agüentar o peso mensal da falta de dinheiro e da desilusão.


Texto opinativo publicado também no blog Instinto Coletivo S.A

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Murros sonoros do Homem Invisível

Debate político na Record, domingo, Barra Funda abarrotada, espaços fechados e a rua do Bosque não foi excessão. Como dizem os profetas, aquilo que é anunciado não tem escapatória e o que parecia ser uma noite apagada na livraria da esquina tornou-se um espetáculo notável.

"Não espere de mim mais do que o previsível, entre os heróis eu seria o homem invisível", foi do versos desses poemas guardados no arquivos que Felipe Parra, frontman do grupo, buscou inspiração para o nome da banda: "Homem Invisível, veio porque depois que o Gramophonia (antiga banda) tinha acabado eu tinha feito umas 25 músicas, junto com o Caio que me ajudava a compor e a gente precisava de um nome, porque ia ser horrível nos chamarmos 'Felipe e Caio'. Esse nome veio de uma letra do Reinaldo, que também compõe comigo e ficou legal, porque era apenas um projeto, não era nada definido, Homem Invisível podia ser qualquer coisa, tanto que acabou virando uma banda", explica.

Foi às 19H30min do dia 28 passado que os homens ocultos jogaram fora suas capas da invisibilidade, empunharram suas guitarras e baquetas e arrebentaram-se em ondas sonoras. Formado por músicos com experiência no cenário paulistano, não faltaram amps valvulados e instrumentos vintage para enaltecer ainda mais a apresentação, é claro, que eles de nada serviriam sem as notas dissonantes e melodia em escalas cromáticas que vinham da Jazz Master de Parra, além do timbre gordo e muito melódico providenciados pelo outro guitarrista Caio Filipini. A cozinha da banda formada por Tiago Archella no baixo e Ângelo Kanaan na bateria complementa o som com peso e um ritmo às vezes compacto, às vezes quebrado, soando bem característico.

As músicas que Parra e Filipini definem como "Rock estranho", tratam em suas poesias sobre assuntos dos mais variados: "Não tinha a intenção de de falar só de amor, tem vários assuntos como sobre um amigo imaginário, uma fala sobre um cachorro tentamos fugir do óbvio", aponta Parra. O Rock de fato predomina nos arranjos, passando pelo Blues, Country, mas com impacto e unidade.

O homem invisível apareceu em sua estréia mostrando que veio para ficar, quem acompanhar a banda vai conferir som de qualidade, timbres agradáveis e músicas diferentes, vale a pena conferir.

www.homeminvisivel.com.br
Show ao vivo- estréia da Banda, clique aqui e aumente o som.

Homem invisível - Amigo imaginário
Gravado por Mosto de idéias

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Fragmentos da bomba

Boa tarde minha gente! Segue mais um link sobre a discussão proposta esta semana no Post "O país do futuro" , caso os comentários sejam extensos, sigam as instruções do balão no canto superior direito.

http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200809261314_RED_77462007

É óbvio que não passaríamos ilesos, mas onde isso vai terminar?

Abraços.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Da crise ao som

Boa tarde! Hoje acrescento ao tópico de ontem, nomeado "O país do futuro", com uma notícia a respeito da influência da crise econômica no nosso "Brasilzão". http://economia.uol.com.br/ultnot/2008/09/24/ult4294u1673.jhtm

Este é o que chamo aqui no nosso espaço de "tópico aberto", para discutirmos o assunto e apuramos o que as cabeças pensantes que navegam pela web concluem sobre o assunto. Como os espaço para comentários no blog é pequeno, escrevam suas opiniões para "Mosto de idéias" e na terça-feira que vem, dia 30/09, vou publicar o resultado em um "post especial". Prentendo durante esta semana dar segmento aos links correlatos ao assunto para que todos se interem e participem.


Mudando da água para o vinho, domingo dia 28/09 às 18H na Livraria da Esquina, (Rua do Bosque, 1254- Barra Funda) as partituras serão convertidas em ondas sonoras! O "Mosto de idéias" vai cobrir o show de uma banda de Rock diferente do convencional, "Homem Invisível".
Riffs excêntricos e melodias malucas parecem os pilares da união dos três guitarristas que compõe a banda, do ritmo pesado que parte de seu baterista, mas é isso que vamos conferir, prepararem-se para ver algo distinto.
O leitor que gosta ouvir coisas novas, não deixe de visitar a página para conhecer mais a respeito deste quarteto paulistano.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O país do futuro

Um texto de Clóvis Rossi " E ainda abanamos o rabo" tirado hoje do site da folha online (para quem é assinante da Folha ou UOL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2309200803.htm) critica a crise americana, sobretudo falando a respeito da classificação dos países emergentes. Segundo o texto, o presidente Lula ficou encantado com a classificação no setor financeiro do Brasil que passou a “investiment grade”, ou seja, segundo ele o país passa a ser considerado “Sério” para investimentos e para geração de riqueza.
A conclusão é coesa quando diz que acreditar nas previsões de quem está “quebrando” é no mínimo incoerente e como disse: “Prefiro jogar búzios ou consultar cartomantes”.

Consultei o pessoal, da Folhapress, mas não obtive autorização para reproduzir o texto, pois eles o comercializam em seu site para assinantes, mas falar sobre as expectativas do país não é muito complicado se acompanharmos o contexto atual.

Considero que o texto deixa bem claro o que penso a respeito da política: Um vai e vem onde nós, o Brasil fica à mercê de políticas internacionais. Evidenciou-se que não há como prever muita coisa, pois a grande potência mundial (EUA) sofre a maior de suas crises desde a década de 30. Renato Russo entoa a altos brados desde 1990 em sua canção chamada " Duas Tribos" : "O Brasil é o país do futuro", mas será mesmo? Ainda há muita coisa para consertar nessa ex-colônia de exploração (será?) para que isso se torne realidade. A postagem de hoje não tem a pretensão de apontar o que eu acho melhor para o Brasil, mas abrir espaço para discussão. Você leitor o que pensa a respeito do assunto? Os comentários pertinentes serão divulgados terça da semana que vem com o título " Resposta dos moradores do país do futuro", não muito criativo mas funcional. Por favor, leiam e comentem!Um abraço!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Esta noite ficará na história

Você leitor com certeza já ouviu famosas histórias de auto-ajuda, coisas do tipo: - "pense positivo, você consegue" - ou mesmo - "Peça para o Cosmo que ele realizará", muito bonito, mas pensar não materializa nada, não paga conta. O óbvio é que com persistência, foco e calma você deve lapidar no mundo aquilo que a mente produz. O pessimismo (outro atributo do plano mental), esse sim muda tudo. -"Não acredito que consigo, logo não faço", é como uma bosta de pomba que cai por entre os fios elétricos em uma velocidade incrível na sua roupa nova que você acabou de vestir após o banho caprichado para encontrar a namorada: você xinga o mundo todo, e tem a certeza de isso foi obra divina, para atrasá-lo, para detoná-lo, mas não.
- "Cara, a câmera tá quebrada, e pra consertar fica o preço de uma nova", dinheiro esse que não tinha, mas já estava combinado que eu iria fazer o curta metragem e participar do festival. Foi como a "bomba de bosta", tirou o tesão logo de cara. Outro camarada, o Mauricio falou que não havia problema que a gente ia escrever o roteiro primeiro e que daríamos um jeito. Seguimos em frente.
Comecei a brincar de escrever já desacreditando que ia funcionar e que eu estava perdendo um tempo precioso das férias universitárias, pensamentos deprimentes unidos às cotidianas brigas familiares, estresse, falta de grana, sem nada, sem puto.- "tem uns amigos concorrentes que estão orçando uns R$1000 para fazer o figurino alugar equipo etc."- dizia o Mauricio pelo telefone arrebentando minha orelha esquerda e o diabo do pessimismo cutucando na direita: -"eu não tenho nem R$50, nem R$ 50...
Roteiro pronto precisando começar a rodar e nada de câmera, nada de bufunfa nada de nada e lembrei de um amigo, que tem uma esposa, que tem uma handycam e que talvez se eu pedisse, ela emprestaria, mas não, a orelha direita já estava inchada: - "isso é um absurdo, não se pede as coisas pros outros desta forma, uma handycam! Você emprestaria a sua? E se quebrar? Não tem din din pra consertar!" - "Alô, Felipão? Quanto tempo! E a Lú tá bem? Sabe aquela vez que..." - consegui. Vivas! Só faltava aprender a mexer no brinquedo.
Eu sempre me considerei um pouco complicado na hora de transpor idéias, mas o roteiro que escrevi com meu amigo foi algo além da imaginação. Hollywood ficaria encantada! Todos os melhores atores dariam a vida para representar o sofrido Pedro Diamond, a mais alucinógina experiência lisérgica não seria nada comparada ao climax tempestuoso do curta! Fiquei levemente abobalhado com esses sentimentos. O telefone tocou com o Mauricio do outro lado e sai do sonho lembrado que eu estava em São Paulo, aqui não era a gringa, eu tinha só uma minúscula câmera para tentar passar alguma coisa mais ou menos do que estava escrito no roteiro e que também não conhecia ator nenhum e caso conhecesse duvido que algum toparia atuar na faixa. Foi o fim, mas meu irmão estava de bom humor e como o roteiro evidenciava a perspectiva de aparecer pelado ele adorou e conseguimos o ator, iámos rodar duas cenas na Pedra Grande sábado de manhã, ai, ai.
Gravamos em meio à natureza e um "senhor frio" às 7 da manhã. Um amigo do irmão conseguiu uma outra câmera, daquelas de casamento, a luz no fim do túnel brilhava um pouco mais. De volta a Sampa gravamos as cenas urbanas e quando tínhamos todo o material lembramos que nenhum de nós nunca editara na vida! Difícil, viu? Noites e mais noites, o computador com vírus, mas tava funcionando. O Felipão que me emprestou a máquina se ofereceu para gravar a trilha sonora em seu estúdio o que deu um toque especial à aberração.
Aos trancos e barrancos o curta metragem "Esta noite ficará na história" chegou à tela do salão do térreo da Universidade São Judas devendo e muito em qualidade de imagem e som. Tudo parecia acabado. Nas premiações foi com surpresa quando ouvi o nome do curta sendo chamado para terceira menção honrosa da categórica "vídeo-ficção". Fiquei contente, pois ignoramos todas a dificuldades e mesmo que imperfeito conseguimos o intento. A orelha direita ardia, mas logo passou e me fez entender o quanto é importante ter objetivo e não se deixar levar pelo desespero, fomos até as últimas consequências e chegamos até lá. Não ganhamos troféu, apenas o dvd do filme "Cidade de Deus", mas ele valia ouro.

Jabu 09.03.13