quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Boi voador não existe, ah! Existe sim!


Por Roberto Fávaro

Esperamos sinceramente que todos tenham aproveitado uma excelente passagem de ano, com muitos presentes, paz, amor e dinheiro de quebra.

Surpresa! Esses votos são o grande clichê da publicidade capitalista que insiste em nos ludibriar com a idéia de que podemos ser pessoas melhores e nos “transformar” da noite para o dia, ah! É claro, comprando muito e criando a falsa sensação de felicidade e plenitude, para com um solavanco ter outro trunfo na manga para comprar, afinal, o natal passa, o ano novo passa e o que sobra vira liquidação. Que coisa boa! Comprar, comprar, e comprar!Gasta e pula; e ri como idiota; e compra; e se acha o reizinho da cocada até a versão “plus” do brinquedo aparecer para estragar tudo.

Essa é a essência de toda essa palhaçada, votos e frases meticulosamente pensadas e que fazem um efeito lascado. Diga que você não se importa se ninguém deu nenhum presentinho de natal, só uma lembrancinha, viu? Ah, confesse, para as favas que não! Você fica triste, cabisbaixo se não ganhar pensando no que você fez para merecer tanta falta de consideração, mas não se preocupe, o comercial da tevê deseja que você se entupa de Peru e seja muito, mas muito feliz com isso e que seu ano será fantástico. E não é que as pessoas acreditam? Até os jornalistas acreditam, mal saiu o ano e eles aparecem publicando reportagens guardadas desde o início de Dezembro na gaveta dizendo como emagrecer tudo o que você engordou e que a crise financeira vem aí! No próximo Natal coma frango de angola em vez do caríssimo Peru, mas mais uma vez não se preocupe, pois até lá tudo vai entrar em promoção e você tem o 13° mesmo.

Dizem que o otimista acha que daqui a algum tempo todo mundo comerá merda e o pessimista pensa que não vai sobrar merda pra todo mundo. Meu Deus eu não sou louco, mas estou cansado de ver toda a manipulação que sustenta essa forma lunática que nós chamamos de vida, porra! Sempre quis ter uma casa no campo, tranqüila, para meus futuros filhos brincarem, mas até isso virou frase feita, clichê! Vamos acordar um pouco ver o porque estamos consumindo e se estamos consumindo ou sendo consumidos, porque essa falsa projeção de felicidade dura pouco e no fim não leva a nada a não uma escravidão para agüentar o peso mensal da falta de dinheiro e da desilusão.


Texto opinativo publicado também no blog Instinto Coletivo S.A

3 comentários:

João Luis Pinheiro - Jornalista, escritor e poeta disse...

É Zé! Finalmente um novo texto hein? E veio em grande estilo, como sempre. Também acho uma merda essa coisa de natal e novo novo. Bom mesmo é estar com as pessoas que amamos e fazendo o que nos dá prazer.

Abraços
João

Marcos Forte disse...

Roberto, o texto é forte, sem dúvida.

Parabéns pela coragem em demonstrar sua insatisfação com o capitalismo selvagem.

O caminho para a mudança é esse mesmo!!!

abs,

Patrícia Silva disse...

Nossa, esse é o Zé que eu conheço! Já começou o ano libertando suas impressões sobre a velha prática capitalista de incutir em nossas vidas valores falsos, voláteis e efêmeros. Gostei particularmente de uma das frases finais: "estamos consumindo ou estamos sendo consumidos". Fico com a segunda opção. Sim, porque nosso consumo desenfreado nos consome a alma, consome os verdadeiros valores, os verdadeiros bens, os verdadeiros presentes...

Mas é isso ai Zé, não deixe que roubem sua coragem!

Um grande beijo,

Patty

Jabu 09.03.13